Sim, terminei um quadrinho de 389 páginas. E como sempre, minhas jornadas quadrinísticas começam ao decidir qual será minha próxima leitura do acervo da queridíssima Biblioteca Comunitária Vila Castilho, e dentre as várias opções de quadrinhos, decidi pegar um dos maiores e mais pesados… Fui direto para Notas Sobre Gaza de Joe Sacco, no qual já vinha flertando desde minhas últimas leituras.
Levou em torno de 1 mês e meio para terminá-lo, sendo este, um quadrinho que me levou às lágrimas. É muito triste ver toda a injustiça e humilhação que são e foram direcionadas à um povo.
Pessoas de Gaza tendo suas casas demolidas por israel.
Joe Sacco é jornalista e quadrinista, ele se desenha como o personagem principal da história e narra os fatos que acontecem durante a sua vivência no local. E neste quadrinho, ele visita a faixa de gaza, na Cidade de Gaza, Khan Yunis e Rafah.
A história toda se dá no início dos anos 2000, no meio da Segunda Intifada, uma revolta popular Palestina que ocorre entre 2000 e 2005~2006. É possível ver no quadrinho que as coisas estão bem cabulosas, em meio a mortes, destruição de casas e hipervigilancia do estado de israel.
O protagonista está acompanhado de amigos palestinos, e o principal deles é Abed, seu guia no mundo palestino. Abed é culto e educado, e faz parte de um clã familiar respeitado. Diz no quadrinho que ele levou um tiro na perna ao jogar uma pedra em um soldado israelense aos 13 ou 14 anos de idade durante a Primeira Intifada no fim dos anos 80. Abed guia Joe até o fim de sua pesquisa.
Apesar de estarem vivendo uma época de muita luta pela sobrevivência, a história gira em torno de uma pesquisa para esclarecer fatos que ocorreram em 1956, que tinham informações duvidosas e que só apareciam em números e notas de rodapé, desumanizando o conflito.
O objetivo das visitas é realizar uma série de entrevistas com os moradores para tentar reconstruir o que realmente se passou nas cidades de Khan Younis e Rafah em 1956, após soldados israelenses matarem a sangue frio os homens em idade militar nessas cidades.
A crise do Canal de Suez: 27 de Outubro – 07 de Novembro de 1956
O quadrinho explica a crise que se deu em 1956, e vou resumir aqui. O egito na época tinha um projeto nacionalista islã e fez amizade com a união soviética enquanto protegia a palestina (de maneira mal segundo os palestinos).
A grã bretanha e a frança não estavam contentes com o egito pois este nacionalizou o canal de suez, que é uma das rotas importantes para os países que antes colonizavam e eram donos do canal através de empresas. Então, se organizaram com israel, que estava doido para guerrear e tomar de vez a palestina e parte do egito.
Israel chegou a tomar as cidades da faixa de gaza e parte da península do sinai que faz parte do egito, mas foram barrados pelos EUA e União Soviética que organizaram o fim do conflito, que foi rápido. Porém, durou o suficiente para os soldados de israel realizarem o extermínio contra uma população totalmente rendida em gaza.
Se possível leia o quadrinho!
Vale a pena sair das notas de rodapé e conhecer a realidade do genocídio interminável que ocorre por lá. Joe Sacco é um ótimo desenhista e quadrinista. É possível com o quadrinho entender e vivenciar o que as pessoas estão passando por aquele território.
O quadrinho se encontra disponível para todes na Biblioteca Comunitária da Vila Castilho que está aberta aos sábados das 15 até as 19 horas na cidade de Pelotas - RS: conheça mais sobre o espaço em https://www.instagram.com/biblioteca_castilho/
AVISO:O quadrinho possuí cenas de violência e sangue, e não é destinado à crianças e pré-adolescentes, e pessoas sensíveis ao tema e à violência.
