Para mim, tem sido prazeroso construir e ter acesso a uma biblioteca comunitária na minha cidade. Gosto de bibliotecas num geral, só tenho um pouco de pé atrás com as institucionais, onde tem que pagar multas caso não clique em um botão 5 vezes semanalmente. E recentemente ando meio vidrado nos quadrinhos que tem na biblioteca, muita coisa foi doada por grandes companheires de biblioteca (qualquer pessoa que doa livros entra neste patamar s2) e temos uma boa quantidade, então possível que saia algumas postagens sobre quadrinhos aqui pelo blógue. E o quadrinho que vou falar sobre agora tem a ver com a famosa tirinha abaixo que virou meme:

A tira que virou meme, "Que semana hein", "Capitão, é quarta-feira".
No quadrinho que li, a resposta seria "Capitão, a semana já não importa, estamos em greve!", estou falando do bootleg anarquista - Aventuras de Tintin: Conquistando a Liberdade

Gibi: As Aventuras de Tintin Conquistando a Liberdade. É possível ver o nome do autor abaixo do título: J. S. Daniel.
Este gibi é um grande hack em cima das aventuras de Tintin, no qual, nunca me importei, só sabia que era famosinho, e que era belga? E que era um quadrinho. Fiquei sabendo, pela própria capa de trás que é um gibizeco de viés colonialista.
Edit: Fui atrás e o gibi original do tintin chega a ser nojento de tão racista, se você possui um gibi original do tintin, taque fogo imediatamente! Se quiser saber mais sobre dê uma olhada nesta dissertação de mestrado, o link leva para uma página de download automático.
É lindo este hack, chama atenção de quem é despercebido, e vai ter logo de cara exemplos de solidariedade e apoio mútuo, mostra até onde podemos chegar com isso enquanto trabalhadores, vizinhes e parceires. E o óbvio, que agentes do estado, a burguesia, partidos políticos, sindicatos pelegos, no fim, sentam todos juntos contra as pessoas que parasitam. Abaixo tem uns exemplos de fotos do quadrinho com reuniões que acontecem debaixo dos panos:






6 tiras fotografadas do quadrinho que representam essas reuniões por baixo dos panos e o representante do sindicato pelego tentando puxar as pessoas pro lado dele com mentiras.
O grande plot da história, é quando morre um trabalhador dentro do canteiro de obra onde o Tintin está trabalhando, uma das mais fodidas, onde trabalhadores conhecidos por serem encrenqueiros acabam tendo que aceitar as condições insalubres de lá. E lá está o Capitão e Tintin, que presenciam a morte do colega, e junto com os companheiros declaram greve.



3 tiras fotografadas do quadrinho que mostram a revolta coletiva dos trabalhadores do canteiro da Cerella. Elas seguem a ordem correta dos fatos.
A partir daí as coisas vão crescendo, e a greve vai ganhando apoio de vários setores da sociedade, vizinhos revoltados com a especulação imobiliária e gentrificação da cidade, que tem ligação direta com a exploração dos trabalhadores da construtora, trabalhadores de outros canteiros de obras, de outras empreiteiras, fornecedores de materiais, dos correios, todos juntos vão sabotando o que podem para dar continuidade à greve, que ganha dimensões onde é possível ver a conquista da liberdade, chegando ao ponto das pessoas cogitarem abandonar o condicionado salário ao perceber que tudo pode ser gerido por elas mesmas, superando as mãos do capital.
Outras coisas que me chamaram atenção no quadrinho são outros personagens que colam junto, como a Nice, Gus, Pezão, Bigode, e outros que tu não vê o nome, mas reconhece pelo desenho. Também o hack traduzido pro brasileiro do Gustavo Pradella e Hudson de Lima Rabelo é muito boa, tendo edições gráficas, como por exemplo a TV passando Jornal Nacional, referências de empresas daqui para os nomes fictícios e expressões como VYRXY MARIA! Trabalho de qualidade. Ah, outra coisa massa do quadrinho, é que tem muita ação! Direta e criativa, empenhada pelos personagens:





5 tiras fotografadas do quadrinho que mostram ações diretas das pessoas contra o capital.
É isso pessoal, se possível compre, leia e compartilhe, vale a pena, é uma grande semente da revolução disfarçada, pronta para pegar alguém desprevenide. É a versão melhorada de Eles Não Usam Black-Tie onde todo mundo tá revoltado tanto quanto o italiano lá que agita seus companheiros ao máximo. E com a união e solidariedade das pessoas as coisas terminam, ou melhor, só começam, bem.